segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Tudo que eu ando pedindo.




Tomara que a neblina das circunstâncias mais doídas não seja capaz de encobrir por muito tempo o nosso sol. Que toda vez que o nosso coração se resfriar à beça, e a respiração se fizer áspera demais, a gente possa descobrir maneiras para cuidar dele com o carinho todo que ele merece. Que lá no fundo mais fundo do mais fundo abismo nos reste sempre uma brecha qualquer para ver também um bocadinho de céu.

Tomara que os nossos enganos mais devastadores não nos roubem o entusiasmo para semear de novo. Que a lembrança dos pés feridos quando, valentes, descalçamos os sentimentos, não nos tire a coragem da confiança. Que sempre que doer muito, os cansaços da gente encontrem um lugar de paz para descansar na varanda mais calma da nossa mente. Que o medo exista, porque ele existe, mas que não tenha tamanho para ceifar o nosso amor.

Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo. Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades sejam impermanentes. Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito. Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de busca a ideia da alegria.

Tomara que apesar dos apesares todos, dos pesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não abrir mão da felicidade.

Tomara.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Aqui só existe o bem.

‎"Aqui só existe o bem. Se você me deseja o mal, eu te desejo amor." (; Cainho.




Só quero saber realmente o que importa.
Dos assuntos que só ferem quando são picadas de inseto.
Coisas assim, que só ardem por fora.
As coisas que mais são importantes agora, toda a minha atenção, como se dela, só delas,
dependesse minha afeição.
Sorvete de baunilha e lençol limpo ou então dessas coisas que não se mostram
e só se reconhecem sem os olhos, gentilezas por exemplo.
Nesse tempo do que realmente importa, não existe conspiração do universo
e muito menos coisas do destino, se é que isso existe.
Nesse tempo as lembranças ruins só são um borrão.
Existe também um pé de ruga que pode ser pé de passarinho porque nesse tempo, a gente ri demais.
Então pode-se chamar de pé de passarinho e não de galinha,
porque passarinho pelo menos voa mais alto.
Existe essa alegriazinha, coisa de quem aceita a esperança
sem medo do que há por vir,
Sem temer o que há de partir.

|vanessa leonardi|

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Viver apaixonada...


Por uma causa, por um sonho, por alguém. 
Apaixonar-se pelo que você pode ser na vida desse alguém. 
Desapaixonar-se dos medos. Dos "ses" que secam a alegria de viver. Alimentar-se de memórias e conversas entre você e suas saudades. Dessas que ninguém pode tirar de você. 
Apaixonar-se por você.

Não faz mal se chorar muitas ou algumas vezes. Chorar sempre faz chover, penso assim. E chover, sempre faz nascer. Ta vendo?
No fim tudo volta a ser começo. Fica sempre tudo bem, meu bem. Sempre.

Descobrimos com o tempo que as palavras mais comuns são as mais deliciosas de serem ouvidas. Às vezes dificílimas de serem ditas. Descobrimos com o tempo que afinal pouco é muito.

        



|Jéssica Escoura.|




quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Ordenar.








"E eu tenho vontade de segurar seu rosto e ordenar que você seja esperto  e jamais me perca e seja feliz.  E que entenda  que temos tudo o que duas pessoas precisam para ser feliz: A gente dá muitas risadas juntos. A gente admira o outro desde o dedinho do pé até onde cada um chegou sozinho. A gente acha que o mundo está maluco e sonha com sonos jamais despertados antes do meio-dia. A gente tem certeza  de que nenhum perfume do mundo é melhor do que a nuca do outro no final do dia. A gente se reconheceu de longa data quando se viu pela primeira vez na vida."

                            Tati Bernardi


                                

terça-feira, 17 de maio de 2011

Precisei de um ctrl c / ctrl v.

"Aí a gente passa uma noite inteira chorando e percebe que o motivo pra isso nem existe mais.
É meio que um vício nessa coisa de sofrer, de embebedar as causas perdidas. E surge uma amnésia alcoólica que faz as músicas depressivas ganharem mágicamente mais sentido, e a gente pode criticar os filmes de amor sem peso na consciência. Depois que acordar sentindo aquela ressaca emocional, nem vai se dar conta que bebeu tudo aquilo sozinha, ninguém disse:
"vai se fuder na vida" - a gente gosta de inventar cada dor viu?
É que ser feliz assusta."






"Me tornei pedante. Irritante à mim mesma. Ficar sem sofrer, essa definitivamente não é a minha, meu negócio é brincar com a sorte, é correr atrás das pegadas de minhas dores, segui-las, lembrá-las, revivê-las. Tem dias que me olho só de canto, e me pego no flagra de mais uma recaída, já estou ficando calejada dos erros e de todas as consequências de ser previsível. Tem gente que coleciona selos, mas eu gosto mesmo é de colecionar antigos pedaços de mim. Quebro um espelho por dia, piso nos meus cacos, guardo meus estilhaços, pra ter azar, pra ter sempre muito azar.

... azar o meu ter tanta sorte."



                                                    [Ana Andreolli]


Brigada Cac por não escrever só por vc. http://ana-cac.blogspot.com/

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Os clichês são o que há de mais real!

Ah, a vida prega tantas peças na gente.
Faz a gente achar que vai morrer, quando aquilo é só a vida seguindo seu curso secreto que muitas vezes ela não compartilha com a gente.
Nunca tive conhecimento de uma vida mais irônica que a minha, e hoje digo: graças a Deus!
Hoje sei que muitos clichês são as coisas mais verdadeiras da vida, o clichê de que a gente passa um na vida do outro pra ensinar isso, pra aprender aquilo. O clichê de que o que tem que ser, vai ser. O clichê de que nada é por acaso, e tudo tem um motivo. Ah, isso tudo é tão REAL.
A vida não é vida se não for assim.
Me perdoa se endureci demais, mas cicatriz da alma não tem laser que remova.
Mas eu agradeço por cada uma delas e nem se esse laser existisse eu iria quere-lo. Sem elas eu não seria eu.
Hoje sei que a gente não tem mais que procurar os por quês, na hora certa eles se escancaram pra gente ver.
Já sei de todos meus por quês.



E muitos deles dizem: "foi pra te levar até ele."


[Jéssica Escoura]



segunda-feira, 28 de março de 2011

É preciso força.







Tá tudo tão bem. E não é à minha volta, é dentro de mim.
Ando superando o que foi sinceramente o mais difícil da minha vida.
A morte é uma coisa sobre a qual nós não temos controle, quem se vai não vai porque deseja. Mas quem está aqui, vivo, é que escolhe por ir ou ficar.
E a morte em vida é muito mais difícil de se aceitar e se superar.
Mas isso se converte no aprendizado da reconstrução, e da reencarnação em vida. Ando conseguindo essa conversão.
O que vai ficando em mim é cada vez mais gratidão.
Na vida de ninguém é possível a perfeição em todos os seus lados, nem a felicidade 24 hras por dia. Quem o diz mente.
Hoje sei muito bem que expectativa não é uma coisa boa, ainda mais se for na pessoa que seria pra ser seu exemplo e sua segurança. Todos são humanos e imperfeitos, e tenho que à cada dia me convencer disso, e ter força pra aguentar a decepção e os traumas de uma vida toda, que doem e doem porque não conseguem sair aqui de dentro de mim, não conseguem nem ser ditos de verdade.
Coisas acontecem e mudam nossa vida bruscamente, e se adaptar às mudanças pode levar a vida toda, isso se um dia a real adaptação vier, às vezes a busca é eterna. E eu continuo na minha.
Mas hoje tenho meu coração (que pra mim é o órgão mais vital) completo, cheio de amor, gratidão, paz e felicidade, por um presente que Deus me enviou no momento que eu achava mais errado e se mostrou o mais certo.
É tudo tão diferente. E uma realidade melhor que qualquer sonho que eu tenha tido sobre ela. 
E isso, e você, e o encontro comigo mesma que você trouxe, são a minha força.


[Jéssica Escoura]






"É preciso força, pra sonhar, e perceber que a estrada vai além do que se vê." Los Hermanos 

quarta-feira, 23 de março de 2011

Meu lugar de paz.





Tenho tentado correr de tudo que anda fazendo tanto peso nas minhas costas, e me pressionado até eu ficar sem ar, me deixando como se fosse em uma das minhas crises, mas constante, sem pausa.
Tenho tentado correr pra qualquer lugar que me alivie esse peso, que afrouxe minha respiração, que me dê paz.
Mas eu corro corro e não encontro. 
Não encontro em casa, nem no meu trabalho, e só um pouco dela na faculdade, pois foi o que sempre sonhei, mas nenhum sonho sai barato.
Mas há um tempo, dizendo melhor, há exatos 2 meses atrás, a minha busca por um lugar de paz foi surpreendida, e surgiu ele. E quanto mais eu estava nos braços dele mais eu sentia que era ali, o lugar que eu tanto buscava.
O lugar onde a respiração enche os pulmões, onde é tudo leve, onde a paz é absoluta, no silêncio ou no barulho.


Obrigada por esses dois meses sendo meu lugar de paz.
E fazendo de mim o seu.
E que seja sempre assim.


[Jéssica Escoura]

segunda-feira, 21 de março de 2011


Porque nesses meus pensamentos estranhos, e às vezes até mesmo auto-destrutivos, dia desses pensei que: Morte talvez também seja vida.

Porque às vezes se vive pra trás, quando se deve mesmo é viver pra frente. Entenda, não estou expondo aqui um desejo de morte, mas sim de vida, pra você, pra mim.



Que fique que passe que mude que aprenda que agüente que sorria que importe que encontre que viva.
Que seja, feliz.




[Jéssica Escoura]

quarta-feira, 16 de março de 2011

Alguém me salva?
Preciso de um momento longe de tudo que me pressiona. Nunca reagi bem sob pressão, e ela anda pesando.
Um momento longe de tudo, menos dele, que é o que me alivia. 


Areia, mar, ceú azul e muito sol.
E tá chegando!






[Jéssica Escoura]

quinta-feira, 10 de março de 2011

Quero ser piegas, então.



Eu fiz do tempo meu amigo, e transformei medo em armadura, para enfrentar as correntezas e noites sem estrelas.
Fiz de mim mesma meu próprio caminho, para me encontrar, toda vez que me perder.
A gratidão me preenche por completo, hoje agradeço por tudo, pelo bom, e pelo que podem chamar de ruim, mas eu junto ao que chamo de bom.
Graças a tudo isso hoje sou quem sou, aprendi tudo que aprendi, cresci tudo o que cresci.
Não mudaria uma vírgula da minha história, não apagaria nenhuma pessoa que passou por ela.
Hoje me sinto em paz de um jeito que jamais me senti.
Me encontro comigo mesma e me conheço cada dia mais.
Enxergo as razões de tudo muito mais claramente, e aceito, sabendo que a vida e Deus sabem muito melhor do que a gente mesmo o que fazer.
Não guardo nada mais de ruim em mim, e essa sensação é indescritível.


Encontrar você, e você me encontrar, me enxergar, por debaixo de tudo aquilo. E tudo acontecer incrivelmente na hora e nos jeitos certos, mesmo que a gente não soubesse que eram. Só nos faz enxergar que sim, era, é, pra ser. Pra ser doce, sempre.
Nem todas as palavras do mundo juntas iam me fazer sentir que digo tudo o que você me faz sentir. Em cada momento.
Se for piegas, é o que quero ser então, pra te dizer que você é tudo que eu sempre sonhei, e achava que sim, só poderia ser sonhado mesmo. Você é a realidade mais linda. Você é a felicidade mais verdadeira e mais pura.
Quero continuar com essa certeza tão absoluta que a gente sente, e nem sabe direito da onde vem.


[Jéssica Escoura]



sexta-feira, 4 de março de 2011

Não vale uma gastrite nervosa.

"Uma coisa eu decidi: não vou mais perder a cabeça. Aquela outra, aquela moça de pavio curto, que se irritava, explodia e se cansava a cada dia que passa deixa de existir mais um pouco. Ando mais centrada, coloco as coisas na balança, penso mais, reflito. Tem coisa que eu deixo passar. Não vale a pena. Tem gente que não vale a dor de cabeça. Tem coisa que não vale uma gastrite nervosa. Entende isso? Não vale. Não vale dor alguma, sacrifício algum.
.
Com a maturidade, a gente começa a perceber o que merece e o que não merece a nossa atenção. Isso vale para coisas, pessoas, ideias, sentimentos. Tem coisa que não vale um real. Outras tantas valem um milhão. Nossas dores e amores."

[Clarissa Corrêa]

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

"Que seja doce."


Minha língua tão habituada ao amargo, está se acostumando com todo esse doce.

Uma questão de cor(agem).



Eu não gosto de abandono, por isso acolho. Por isso recolho e não costuro sorriso porque chorar é preciso. Porque não importa se o desenho é feio. Ou se a ferida é doída. Ou o dedo do meio foi pra mim. Eu contorno e de um jeito ou de outro, sempre tenho uma cor pra mudar a história. E na vida, a gente aprende que quanto mais a nuvem pesa e se enche de cinza, mais forte vem a chuva. Ou o choro. Sorte é ter um coração cheio de pancadas, metido em tempestades e sujeito a trovoadas. Esses sim são corações maduros de forte. Não de vez. Tenho um coração de todas as cores. Que amanhece azul e adormece vermelho ou bege ou rosa ou verde ou roxo ou...qualquer cor serve, porque quanto mais cor no coração, aprenda: MAIS COR-AGEM na vida.

[Vanessa Leonard]

Tira de mim tudo que é falta.


O que me interessa no amor, não é apenas o que ele me dá, mas principalmente, o que ele tira de mim: a carência, a ilusão de autossuficiência, a solidão maciça, a boemia exacerbada para suprir vazios. Ele me tira essa disponibilidade eterna para qualquer um, para qualquer coisa, a qualquer hora. Ele apazigua o meu peito com uma lista breve de prós e contras. Mas me dá escolhas. Eu me percebo transformada pelo que o amor tirou de mim por precisar de espaço amplo e bem cuidado para se instalar. O amor tira de mim a armadura, pois não consigo controlar a vulnerabilidade que vem com ele; tira também a intransigência. O amor me ensina a negociar os prazos, a superar etapas, a confiar nos fatos. O amor tira de mim a vontade de desistir com facilidade, de ir embora antes de sentir vontade, de abandonar sem saber por quê. E é por isso que o amor me assombra tanto quanto delicia. Porque não posso virar as costas pra uma mania quando ela vem de uma pessoa inteira. Porque eu não posso fingir que quero estar sozinha quando o meu ser transborda companhia. O amor me tira coisas que eu não gosto, coisas que eu talvez gostasse, mas me dá em dobro o que nunca tive: um namoramento por ele mesmo. O amor me tira aquilo que não serve mais e que me compunha antes. O amor tirou de mim tudo que era falta.
Marla de Queiroz



Na falta de algo melhor, nunca me faltou coragem.

Ser sensível nesse mundo requer muita coragem. Muita. Todo dia. Esse jeito de ouvir além dos olhos, de ver além dos ouvidos, de sentir a textura do sentimento alheio tão clara no próprio coração e tantas vezes até doer ou sorrir junto com toda sinceridade. Essa sensação, de vez em quando, de ser estrangeiro e não saber falar o idioma local, de ser meio ET, uma espécie de sobrevivente de uma civilização extinta. Essa intensidade toda em tempo de ternura minguada. Esse amor tão vívido em terra em que a maioria parece se assustar mais com o afeto do que com a indelicadeza. Esse cuidado espontâneo com os outros. Essa vontade tão pura de que ninguém sofra por nada. Esse melindre de ferir por saber, com nitidez, como dói se sentir ferido.

Ana Jácomo

Sempre quis.

Ando com uma vontade tão grande de receber todos os afetos, todos os carinhos, todas as atenções. Quero colo, quero beijo, quero cafuné, abraço apertado, mensagem na madrugada, quero doces, quero música, vento, cheiros, quero começar a receber.
Caio Fernando Abreu



E ando tendo tudo isso.

Agradeço a ave que me viu terra, onde todos, inclusive eu, enxergavam pedras.
Fabrício Carpinejar

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011


Alguma coisa me diz que coisas grandiosas estão por vir. Por isso abro meu coração pra alegria, pra vida e pro sol que acaricia e não machuca… E é nesse estado de gratidão e contentamento que qualquer pensamento negativo que eventualmente surja, morrerá de inanição.
.Marla de Queiroz







"Pra nos tornarmos imortais a gente tem que aprender a morrer."

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Quero leveza.




Sinto aquele nó ainda. Mas sinto ele afrouxando à cada dia. Sinto a compreensão que sempre busquei de certas coisas. Sinto a aceitação do que não se pode mudar crescendo dentro de mim. Me sinto vivendo uma outra encarnação, das tantas que acredito que vivemos em uma só vida.
Sinto todo aquele peso se transformando em leveza.
Me sinto descobrindo que existem outros mundos, outros jeitos. Que um dia sempre se entende os caminhos da vida e de Deus, que tudo um dia se encaixa... e esse está sendo meu momento: de encaixe.


Sim, eu mudei.
Mas você está enganado, não sou outra, sou a mesma.
A unica diferença é que você me ensinou pela dor a me amar, e eu te ensinei pela felicidade a amar aos outros.
E eu agradeço. Sempre agradeço. E sigo, finalmente, em paz.

. Jéssica do Sim Escoura

domingo, 30 de janeiro de 2011

Medo de...



Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. Não suportar ser olhada com esmero e devoção. Nem os anjos, nem Deus agüentam uma reza por mais de duas horas. Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve. Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança, medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar. Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer. Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todos em um único homem, todos um pouco por dia. Medo do imprevisível que foi planejado. Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue. Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. O corpo mais lado da fraqueza. Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado. Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente. Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. Medo de que ele inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ele com mais ninguém, nem com seu passado. Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele. Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas. Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz. Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz. Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas. Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. Medo de que ele não precise de você. Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira. Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de não respirar sem recuar. Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego. Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade. Medo de não soltar as pernas das pernas dele. Medo de soltar as pernas das pernas dele. Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. Medo da perfeição que não interessa. Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida. Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. Medo de não mastigar a felicidade por respeito. Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar. Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou. Medo de faltar as aulas e mentir como foram. Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar. Medo de enlouquecer sozinha. Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha. Você tem medo de já estar apaixonada.
.Fabrício Carpinejar

sábado, 29 de janeiro de 2011

É assim que tinha que ser.

"... nenhum som em sua garganta. Sem revolta, ela aceitava. E chorava pela perdição de aceitar o que não pode ser modificado." CFA




Tanto cantamos Los Hermanos dizendo no desfecho da musica que era considerada nossa: "Até o fim raiar..."
Talvez ela sempre quisesse nos dizer que ele ia raiar.

E raiou.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Ela perguntou como é que eu tive certeza de que aquela escolha era a mais acertada. Respondi que nunca tive, que não tenho até agora. Porque tem coisas que a gente, simplesmente, não sabe. Decidi ali na tentativa de fazer o melhor e fui. Com fé. Sim, fé e não certeza. Vontade que desse certo. Ou, de pelo menos, que não fosse motivo para me arrepender para todo o sempre. Em alguns momentos, deu certo. Noutros, me arrependi para todo o sempre. Agora, acho que me conformei e que é assim e pronto, não tem mais volta e tudo bem. Tudo bem, de um jeito ou de outro, que a vida e o tempo consertam as coisas.
.Briza Mulatinho

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Vamos Combinar...

 
 
Vamos combinar que muitas vezes não há mistério algum, vilão algum, nenhuma influência sobrenatural, questão de sorte. A gente sabe que se tocar naquele fio desencapado é choque garantido, como da última vez, mas a gente toca. A gente sabe que certos adubos são infalíveis para fazer a nossa dor crescer, mas a gente aduba. A gente sabe os tons emocionais que desarmonizam a pintura da tela de cada dia, mas a gente escolhe exatamente esses para pintar, mesmo dispondo de outros tantos na nossa caixa de lápis de cor. A gente sabe a medida do tempero e a desmedida, como sabe o sabor resultante de cada uma. Por histórico, a gente sabe a resposta muito antes de refazer a pergunta, mas a gente refaz.
Vamos combinar que muitas vezes não há nada de tão imprevisível, de tão inimaginável, muito menos entrelinhas, muito menos mau-olhado. A gente sabe, por memória das andanças, para onde a estrada de certos gestos nos leva, mas a gente segue. A gente sabe no que dá mexer em casa de marimbondo, mas a gente mexe. A gente sabe que não vai receber o que espera, mas a gente oferta sempre pela penúltima vez. A gente sabe que algumas praias são traiçoeiras, que não sabemos sequer nadar direito, que o afogamento é a coisa mais provável de todas, mas a gente mergulha. A gente sabe que a realidade, por mais dura que seja, precisa ser encarada com os olhos mais abertos do mundo, mas a gente inventa todo jeito que pode para desviar o olhar.
Vamos combinar que muitas vezes não há segredo algum, inimigo algum, interrogação alguma, nenhuma entidade obsessora além da nossa autosabotagem. A gente sabe que esticar a corda costuma encolher o coração, mas a gente estica. A gente sabe que nos trechos de inverno é necessário se agasalhar, mas a gente se expõe à friagem. A gente sabe que não pode mudar ninguém, que só podemos promover mudanças na nossa própria vida, mas a gente age como se esquecesse completamente dessa percepção tão sincera. A gente lembra os lugares de dor mais aguda onde já esteve e como foi difícil sair deles, mas, diante de circunstâncias de cheiro familiar, a gente teima em não aceitar o óbvio, em não se render ao fluxo, em não respeitar o próprio cansaço.
Eu pensava em todas essas armadilhas enquanto caminhava na Lagoa, um dia de céu de cara amarrada, um tiquinho de sol muito lá longe, tudo bem parecido comigo naquela manhã. Eu me perguntei por que quando mais precisamos de nós mesmos, geralmente mais nos faltamos. Que estranha escolha é essa que faz a gente alimentar os abismos quando mais precisa valorizar as próprias asas. Como conseguimos gostar tanto dos outros e tão pouco de nós. Eu me perguntei quando, depois de tanto tempo na escola, eu realmente conseguirei aprender, na prática, que o amor começa em casa. Por que, tantas vezes, quando estou mais perto de mim, mais eu me afasto. Eu me perguntei se viver precisa, de fato, ser tão trabalhoso assim ou se é a gente que complica, e muito. Como conseguimos ser tão vulneráveis, ao mesmo tempo que tão fortes. Somos humanos, é claro, mas ser humano é ser divino também.
Eu não tenho muitas respostas e as que tenho são impermanentes, como os invernos, os dias de céu de cara amarrada, os lugares de dor, os abismos todos, o bom uso das asas, os fios desencapados, as medidas e as desmedidas. Tudo passa, o que queremos e o que não queremos que passe, a tristeza e o alívio coabitam no espaço desta certeza. Eu não tenho muitas respostas. O que eu tenho é fé. A lembrança de que as perguntas mudam. Um modo de acreditar que os tiquinhos de sol possam sorrir o suficiente para desarmar a sisudez nublada de alguns céus. E uma vontade bonita, toda minha, de crescer.
 
 
. Ana Jácomo

Eu vim aqui me buscar.


 
Eu vim aqui me buscar. E aqui parecia ser longe, muito longe do lugar onde eu estava, o medo costuma ver as distâncias com lente de aumento. Vim aqui me buscar porque a insatisfação me perguntava incontáveis vezes o que eu iria fazer para transformá-la e chegou um momento em que eu não consegui mais lhe dizer simplesmente que eu não sabia. Vim aqui me buscar porque cansei de fazer de conta que eu não tinha nenhuma responsabilidade com relação ao padrão repetitivo da maioria das circunstâncias difíceis que eu vivenciava. Vim aqui me buscar porque a vida se tornou tediosa demais. Opaca demais. Cansativa demais. Encolhida.
Vim aqui me buscar porque, para onde quer que eu olhasse, eu não me encontrava. Porque sentia uma saudade tão grande que chegava a doer e, embora persistisse em acreditar que ela reclamava de outras ausências, a verdade é que o tempo inteirinho ela falava da minha falta de mim. Vim aqui me buscar porque percebi que estava muito distante e que a prioridade era eu me trazer de volta. Isso, se quisesse experimentar contentamento. Se quisesse criar espaço, depois de tanto aperto. Se quisesse sentir o conforto bom da leveza, depois de tanto peso suportado. Se quisesse crescer no amor.

Vim aqui me buscar, com medo e coragem. Com toda a entrega que me era possível. Com a humildade de quem descobre se conhecer menos do que supunha e com o claro propósito de se conhecer mais. Vim aqui me buscar para varrer entulhos. Passar a limpo alguns rascunhos. Resgatar o viço do olhar. Trocar de bem com a vida. Rir com Deus, outra vez. Vim aqui me buscar para não me contentar com a mesmice. Para dizer minhas flores. Para não me surpreender ao me flagrar feliz. Para ser parecida comigo. Para me sentir em casa, de novo.
Vim aqui me buscar. Aqui, no meu coração.
 
 
. Ana Jácomo

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

É esse amor.


"No meio das defesas todas, havia algo que não se defendia, não sabia como se defender, não conseguia, ainda que tentasse..."

sábado, 8 de janeiro de 2011

Essa não sou eu.

Eu não gosto de me sentir fraca. E porque quanto mais friamente eu agia, mais doce você era e isso me quebra, me derrete toda, não posso aceitar. E porque seria muito interessante saber o que é uma relação de verdade num momento como esse. De fraqueza ou de destino, eu não sei. Existe mesmo essa coisa de destino? Porque os nossos se cruzaram e talvez isso tenha algum significado. Você quis ver através de mim e eu não deixei. Pedi pra parar de me olhar nos olhos, como sempre faço e você se esforçou muito pra compreender e pra estar comigo desse jeito, fingindo não estar. Não tente entender. Tem a ver com Édipo, tem um pouco de vergonha, tem a ver com seus olhos claros, com seu sorriso perfeito, com as linhas do seu rosto. Uma parte é medo da entrega, talvez seja a dúvida entre manter a solidão ou arriscar a vida de outra maneira. Pode ser. E pode ser que toda essa história tenha se desenvolvido nos dois segundos em que eu fechei os olhos e não precisei abrir pra saber que você estava lá.
.Verônica H.

Peço perdão pra você. E pra mim mesma.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Big Brother CARAGUÁ!


Só quero dizer obrigada a cada um de vocês, por ter feito esse ano novo e todos esses dias tão FÓDA quanto foram, nao tinha como ser melhor! Tá tudo guardado na memória, e ja da saudade! (;

E EU QUERO QUE VCS SE FODAM SEUS FILHOS DA PULLLLTA! UAHUAHAUHA